16/12/09

Think-Tank 2 - Aprendizagem e Mudança - Conclusões

O mote da discussão deste segundo Think Tank foi dado pela via das questões, porventura tidas como certas e clarificadas, da Aprendizagem e Ensino. Antes ainda de nos determos sobre o carácter formal ou informal das mesmas, ressalta da análise global dos in-puts individuais e de grupo duas observações:

- Os conceitos em causa foram reflectidos em diferentes níveis e espelharam quadros conceptuais e contextos diversos. Ou seja, as significações, associações e conexões estabelecidas, pelos participantes no Think Tank, fizeram emergir definições de Aprendizagem e Ensino diferenciadas – que o debate não esgotou ao nível da reflexão futura.

- O fio condutor foi a dialéctica entre as dimensões tangíveis e intangíveis do conhecimento e da sua aplicação nos contextos de mobilização individual e organizacional – emergindo as preocupações subjacentes do papel que Aprendizagem e Ensino podem/devem ter no meio empresarial.

As opiniões expressas e ideias partilhadas foram permeadas pelo alinhamento com o paradigma, emergente na última década, do reconhecimento do indivíduo enquanto ser total que não vê os seus conhecimentos/aptidões/competências/habilidades esgotadas ou confinadas à qualificação ou percurso curricular expresso em certificados e homologações.


No entanto, e conforme notado em síntese pelo animador, os conceitos utilizados e consequentemente os quadros de referência em presença deixaram igualmente antever pontos de vista e preocupações que podem ser objecto de reflexão futura:

- O reconhecimento dos processos individuais de aprendizagem e das variáveis concorrentes para a sua realização, numa óptica de preocupação com as dinâmicas que subjazem não só ao conhecimento mas também e sobretudo à sua aplicação e resultado.

- A preocupação da utilidade e visibilidade no seio das empresas das aprendizagens individuais: aqui o foco deteve-se na forma como poderá ser reconhecida a aprendizagem informal e como incorporá-la para que esta produza resultados tangíveis que a valorizem de forma continuada.

- A questão das competências, apontadas aqui na sua propriedade transversal e na sua importância crescente – enquanto parte integrante do quadro conceptual dos sistemas de ensino e formação (pela via de directivas comunitárias) - emergem, no debate, associadas à ideia central de que as componentes formais, não formais e informais estão já a ser integradas em percursos de certificação. Deslocando a atenção dos curricula para os portfólios – com todas as implicações associadas aos desenhos curriculares (sistema de ensino/formação) e ao recrutamento, selecção e carreiras (sistemas profissionais).

Por outro lado, a reflexão sobre a mudança foi deslocada da sua associação com a aprendizagem (ainda que reiterada e vincada a relação circular e intrínseca entre as duas) para a sua efectiva manifestação no âmbito do espaço social em se insere – no caso, as empresas. Ainda que reconhecendo a inevitabilidade da relação entre Aprendizagem e Mudança, o seu significado é ancorado no indivíduo mas, o seu significante é ancorado nos processos formais de organização interna: como processo de gestão onde a aprendizagem é parte integrante da adaptação contínua das empresas.

Ora, as conclusões aproximam-se da reflexão resultante do primeiro Think Tank onde se afirmava: O desafio estará porventura não só do lado das Aprendizagens, mas também das dinâmicas económicas e sociais. O que recoloca a análise na necessidade de compreender e encontrar as condições de evolução que potenciem a emergência dessas competências, evitando o afastamento abrupto de indivíduos e organizações: as questões da Criatividade e da Inovação estão aqui a par com as da inclusão e da exclusão.

Concluindo-se que a Aprendizagem e a Mudança, mencionadas anteriormente como desafios futuros, e se afirmadas como intrinsecamente ligadas, são conceitos não totalmente clarificados e necessariamente passíveis de aturada reflexão. Ou seja, a legitimidade inegável com a preocupação subjacente da utilidade, visibilidade, tangibilidade das aprendizagens no seio das empresas não pode descentrar a atenção sobre os indivíduos e sobretudo sobre as relações, interrelações e conexões colaborativas entre indivíduos. Sob pena de estabelecermos e construirmos um pensamento “em caixas” e rodeado pelo (pré) conceito de uma organização enquanto ser social etéreo (Bruno Latour1).

Permitam-nos assim concluir:
“ O que é único numa empresa não é o conhecimento académico, dos livros, manuais, é o conhecimento adquirido que está nas pessoas e nas vidas que elas levam. Como fazer este conhecimento adquirido valorizar, circular e ser partilhado, é algo muito fundamental numa empresa.”
Roberto Carneiro in video Creative Learning
(www.creativelearningconference.com)

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