16/12/09

Estudo - Enquadramento e Fundamentação

Durante a Presidência Portuguesa, na reunião de Chefes de Estado e de Governo, em Outubro de 2007, foi aprofundado o sentido das reformas da Estratégia de Lisboa para o Crescimento e o Emprego , e desenvolvido um documento sobre as eCompetências para o séc. XXI: “Fostering competitiveness, growth and jobs”.

A Iniciativa da EU “i2010 – A European information society for growth and employment” visa promover uma sociedade de informação europeia inclusiva e tornar a Europa mais atractiva e competitiva. Também a OCDE , propõe para Portugal, o “reforço da escolarização ao nível do secundário”.

Em Portugal, esta é uma perspectiva que merece consenso alargado no âmbito do diálogo social, tendo inscrito como prioridade de intervenção, no Acordo de Política de Emprego, Mercado de Trabalho, Educação e Formação, celebrado entre o Governo e os Parceiros Sociais em Fevereiro de 2001, o combate aos “défices de escolarização e de qualificação profissional”.

Recentemente (2008) o Presidente da APDC afirmava “As TIC podem permitir, em todos os sectores da economia, um comportamento mais ecológico que, se for amplamente adoptado, reduzirá em grande escala a pegada de carbono...” esta afirmação resulta de um estudo elaborado por esta associação e que permite afirmar sobre os benefícios económicos e a criação de oportunidades de negócio relevantes a partir das TIC.

Igualmente no Relatório da Competitividade 2008, produzido pela AIP-CE, encontra-se consignada como medida prioritária, no âmbito das Politicas Publicas a desenvolver, a adaptação dos sistemas de educação e de formação às exigências da sociedade do conhecimento; bem como o desenvolvimento de um sistema de formação profissional contínua (life learning) tendente ao reforço da produtividade do trabalho, da competitividade das empresas e da melhoria real das remunerações dos trabalhadores incluindo a partilha dos benefícios alcançados.

Por outro lado, e ao nível das Estratégias Empresariais a AIP-CE refere no mesmo documento a necessidade de ultrapassar a fase de “arquipélago” que caracteriza a actuação das empresas no seu relacionamento, bem como o imperativo estratégico que consiste em desenvolver verdadeiras redes de partilha de informação e de
capacidades entre empresas e entre estas e outros parceiros (universidades, centros de investigação e tecnologia, etc.).

O PNE - Plano Nacional de Emprego (PNE) e o PNAI - Plano Nacional para a Inclusão (PNAI), enquanto instrumentos para o desenvolvimento sustentado de uma política de educação e de formação, são planos estratégicos de política em matéria de educação, formação e emprego, que definem a aposta na formação em TIC, de uma forma geral, como prioridades nacionais.

Os reconhecidos défices de escolarização e qualificação profissional da população em geral e dos activos em particular, quer dos jovens e dos adultos, levaram este Governo a considerar e a pretender alcançar metas qualitativas e quantitativas, expressas no Programa de 2005, extremamente ambiciosas , para as quais o investimento na aprendizagem ou, de outra forma, em acções de educação e formação, constitui um valor claramente acrescentado, atendendo ao efeito de escala que permite obter.

O PNE define como linhas de intervenção o desenvolvimento e a experimentação de metodologias e instrumentos ajustados a contextos de aprendizagens específicos, nomeadamente auto-formação e a formação a distância, surgindo o e-Learning como um dos instrumentos que permitirão concretizar a intervenção pretendida.

Igualmente o PNAI de 2006-2008 define como um dos seus objectivos o aumento da população portuguesa no domínio das tecnologias de informação e comunicação, destacando as potencialidades que a escola apresenta, enquanto espaço facilitador do acesso a computador e Internet, sendo que por esta via as novas gerações terão uma relação de proximidade crescente com as novas tecnologias, a partir de níveis de ensino cada vez mais baixos e, por consequência, a um acesso generalizado à sociedade da informação e do conhecimento.

Assumindo-se que a info-exclusão, ou a não generalização de acesso aos bens e serviços da sociedade de informação é um dos factores evidentes de exclusão ou de diferenciação no mercado de trabalho, é importante que a estratégia nacional de recursos de TIC para a AST - Aprendizagem Sustentada em Tecnologia, e a formação a distância, os inclua como instrumento fundamental.

Novas abordagens ao processo de ensino – aprendizagem são necessárias. As abordagens tradicionais, standards, já não são adequadas por não considerarem entre outras o advento de novas formas comunicacionais de rede social ou personalizada e de contextos informais favorecedores de aprendizagem. Formar implica lidar com a incerteza, com a análise de cada individuo e de cada grupo de formação concreto, e atender ao contexto e á situação, para se seleccionar as metodologias, desenvolver e monitorizar os resultados e as oportunidades concretas de aprendizagem e avaliar os impactes.

A emergência deste novo fenómeno é uma evidência que não é todavia visível para a larga maioria da população, mesmo para os mais bem informados. Estudos recentes publicados pelo IPTS de Sevilha da JRC da CE mostram bem o que aconteceu a nível mundial com o advento das designadas “Social Computing Skills” que envolvem aprendizagens imediatas e de “speed learning” através do recurso a: wikipedia; blogs; Youtube; Google; redes sociais e profissionais; comunidades de prática, etc, assistindo-se a uma viragem do próprio conceito de eLearning para o de AST - Aprendizagem Sustentada em Tecnologia. Estes recursos estão evidentemente a transformar o acesso à aprendizagem e a aumentar dramaticamente a autonomia de aprender por cada um.

Surge assim um novo conceito sobre o qual importa saber que especificidades contém, e que potencial representa, para o colmatar das fragilidades de formação-educação existentes e já várias vezes identificadas no âmbito do nosso contexto nacional, e para a população em geral: a aprendizagem informal.

O Estudo que agora a AIP-CE, em parceria com Academia Cientifica, se propõe realizar consiste, justamente, no estudo desta nova realidade – a aprendizagem informal - no contexto do tecido empresarial nacional constituído por PME.

Com efeito, e por motivos que decorrem da ausência de investigação, com algum detalhe, relativamente a este fenómeno, nomeadamente estudos que identifiquem e caracterizem o uso que os colaboradores das empresas dão às tecnologias de informação, e aos contextos informais em contexto de trabalho, tendo como o objectivo específico a aquisição de novas aprendizagens com valor para a empresa, pretende este estudo, efectuar uma primeira abordagem a esta problemática e assim contribuir para a promoção e concepção de estratégias que concorram para o desenvolvimento de novas modalidade de ensino/aprendizagem.

Conta a AIP-CE para a realização deste estudo, com a colaboração de uma vasta equipa de especialistas universitários que se irão encarregar da sua coordenação técnica geral, da sua validação em termos científicos, bem como ainda da execução do estudo no terreno, com o rigor metodológico necessário à sua boa operacionalização.

A AIP-CE, profunda conhecedora do tecido empresarial que representa, fará o respectivo interface entre a investigação académica e o “mundo do trabalho”, constituindo uma equipa de projecto que terá sob sua responsabilidade a constituição da amostra (PME) a ser envolvida no Estudo, com o rigor técnico e cientifico exigido pela Coordenação Geral do mesmo, de modo a que a sua representatividade e validade estatística permitam retirar conclusões e definir estratégias generalizáveis para o mais alargado âmbito da realidade nacional.

Pretende igualmente este Estudo vir a funcionar como um importante contributo à realização da Conferência a efectuar em Outubro próximo no âmbito do evento Lisboa Learning 2.0, levando para o debate os respectivos inputs e conclusões que vierem a ser produzidos e cuja relevância, cientifica e estratégica, serão seguramente uma mais-valia para a mesma.

Com efeito, ao potenciar a articulação dos vários elementos da parceria público-privada que se pretende desenvolver no âmbito deste Estudo, nomeadamente envolvendo IEFP, Plano Tecnológico, FTDI, INA e outras, na concepção e validação dos instrumentos de análise que servirão de apoio ao Estudo, será de prever que venham a ser desenvolvidas as sinergias necessárias à sua adequada operacionalização, bem como será a garantia da importância, do interesse e da credibilidade que este Estudo terá na identificação das politicas e estratégias que vierem a ser produzidas no futuro, sustentadas e fundamentadas nas conclusões a retirar do mesmo.

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